Aqui deixo os mortos que me pertencem e os vivos  com que me reparto. Cão do Nilo, sobreviverei bebendo  na corrida, entre o ranger metálico das culatras  e o bafo cálido da pólvora. Sigo ao sabor da corrente,  um destroço à tona de água. Perto do fim, o cerco.   Adeus amigos, ternura diluída na neblina, começo  a esquecer-vos. Perdoam-me os mortos, enigmáticos,  sorrindo e escurece, no corredor, envergonhada, a luz.  De pura cobardia reincide o coração. Na margem  do rio indistintos vultos acenam discretamente.   Transidas, não esvoaçam as aves de outrora,  imóvel e erecto o canavial petrificado. Outras  vozes sepultam já o eco da minha. Foragido  da memória irei por esse mundo além. Amigos,  fantasmas, nomes, lugares sabidos de cor, quero   chamar-vos esquecimento. Não estarei com os que verão  o declive verdejante da montanha, nem alcançarei  a Terra Prometida. Errarei o resto dos meus dias através  de paragens inóspitas, levando comigo a vaga  lembrança de um aceso país povoado de ...