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A mostrar mensagens de novembro, 2016

A Biblioteca Vazia

C onto escrito sobre A Biblioteca, de Zoran Zivkovic. Caros companheiros do clube de leitura Pareceu-me apropriado sugerir que nos encontrássemos hoje para uma degustação. No encalce de Zoran cada um de nós deliciar-se-ia com o seu livro, partilhando os sabores originais que tal manjar descobriria, ou não…contudo… encontro-me impedida de o fazer. Terminada ontem a leitura, guardei como sempre o meu Zoran, na minha mochila, no seu compartimento. Esta seria a última vez que nos veríamos. Em casa, quando mergulhei a minha mão para recolher, ciosa, e uma a uma, todas as bibliotecas lidas, não as encontrei. Nenhuma, sem explicação e sem rasto. Nunca, nenhum livro, por muito fraco, decrépito, ruim ou danado que fora, se atrevera a deixar alguém. Mas Zoran fê-lo. Zoran atreveu-se a desafiar o impossível. Zoran chamou-me de modo furtivo e dissimulado, abraçou-me, levou-me por atalhos singulares e estrangeiros. Desafiou-me no exato e cirúrgico modo que sabia me aprazer e, depoi

Screen I

Alexandra Hedison

Explicação da eternidade

devagar, o tempo transforma tudo em tempo. o ódio transforma-se em tempo, o amor transforma-se em tempo, a dor transforma-se em tempo. os assuntos que julgámos mais profundos, mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis, transformam-se devagar em tempo. por si só, o tempo não é nada. a idade de nada é nada. a eternidade não existe. no entanto, a eternidade existe. os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos. os instantes do teu sorriso eram eternos. os instantes do teu corpo de luz eram eternos. foste eterna até ao fim.  José Luís Peixoto