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A mostrar mensagens com a etiqueta Sylvia Beirute

Bebida

{aos resistentes deste blogue} bebo onde existe sede. a mão arrefece com o peso da cabeça. este silêncio resgata palavras  para além dos factos magros e esguios. o meu sangue conhece o amor. leio Östen Sjöstrand lia Östen Sjöstrand há cinco minutos atrás. alguém me chamou e tudo ficou diferente. não digo que seja apenas este poema. não é, claramente, apenas este poema. bebo onde existe sede. Sylvia Beirute do blog   Uma casa em Beirute

Um corpo encontra a sua profundidade fora dele

um corpo encontra a sua profundidade fora dele como a palavra isolada ilude a linguagem. mas é na palavra transitiva que nos amamos no que passa e contradiz no lugar onde o erro ainda subverte a sua prova mais ténue. respiro as nossas impossibilidades como se o corpo fosse a libertação de todas as coisas. Sylvia Beirute no blog Uma Casa em Beirute

Desejo Infinitesimal

{que horas eram quando o tempo acabou?}           {que horas eram quando deixaste de poder reproduzir clandestinamente a explicação           da conclusão do desejo infinitesimal?} {que horas eram quando a razão de espírito      substituiu a de ciência na ocupação do abraço?} {que horas eram quando te adiantaste à felicidade                          no dia que dilui           na percepção multiforme da multidão?} {que horas eram quando a boca simulou            o silêncio com princípios aleatórios?} {que horas eram quando deixaste que a alma            somasse corpos e subtraísse outros?} {que ho...

Poema simples sobre o silêncio

{do silêncio}. do sinal de fogo. citar-te, escrever-te, transcrever-te, conjugar-te, oralizar-te na orla do teu tronco demasiado extenso para a curva do vento órfão de vontades. {do silêncio}. grotesco. do sinal de fogo. literatura. comer-te. beber-te com rigor moral, como consta do guião de contra-indicações. infra. {do silêncio}. ler-te. do sinal de fogo. contar-te uma história verídica num outro contexto. incomensurável. definitivamente provisório. belo. {do silêncio}. quadriculado, vândalo. do sinal de fogo. do ruído preceptivo. do processo de esverdeamento do corpo com saudade. da cápsula de tempo. {do silêncio}. um acto. do homem que se debruça sobre cada órbita. um gesto. do mundo digestivo. instintivo. somos um acto mas não um gesto. mera raiz da voz oca. e numa linha recta aberta refundimos como quem se ouve a si mesmo. do silêncio. do sinal de fogo. Sylvia Beirute Uma Casa em Beirute

Canção para Leonard Cohen

enquanto nos faltarem fotografias o futuro estará à deriva. pero si. yes. la ciudad. a cidade. a cidade que assinala a urgência no meu vestido comprido e justo, saída do banco com o dinheiro negro. the money. money likes rain. chove. é insuficiente dizer que chove. é como dizer dinheiro. ou love. (love não quer dizer amor). d'accord, got it, há máximos e mínimos. concepções copernicianas do espaço. leonards cohens que espiam atrás de canções bifurcadas. gerações diferentes. a realidade não dá conta do recado because it depends on, you know, pois depende do expressável. representável. não basta dizer «tudo tem uma duração». é preciso dizer «tudo é uma duração». pero si, chica. la ciudad! a cidade. sim. mas cala-te um pouco. a cidade onde agora faz sol. sabe: o sol só é auto-expressável porque é cópia de si mesmo. todos os dias copia a fórmula recém-passada de aplanar nos rostos que vão demolindo a arte de acordar. wake. up. e nada resulta para mim. e nem a metáfora é analgésico. tal...