Se por acaso morrer durante o sono não quero que te preocupes inutilmente. Será apenas uma noite sucedendo-se a outra noite interminavelmente. Se a doença me tolher na cama e a morte aí me for buscar, beija Amor, com a força de quem ama, estes olhos cansados, no último instante. Se, pela triste monotonia do entardecer, me encontrarem estendido e morto, quero que me venhas ver e tocar o frio e sangue do corpo. Se, pelo contrário, morrer na guerra e ficar perdido no gelo de qualquer Coreia, quero que saibas, Amor, quero que saibas, pelo cérebro rebentado, pela seca veia, pela pólvora e pelas balas entranhadas na dura carne gelada, que morri sim, que me não repito, mas que ecoo inteiro na força do meu grito. Rui Knopfli
"(...) Caminho pelos lugares queridos, sem tristeza, nem mágoa, altas, condoídas árvores, lagos serenos escorrendo de meus olhos, hálito azul da tarde que, por cair, de sombras vai tranquilizando o horizonte. Só, meu coração, bate contra a pedra e o silêncio." Rui Knopfli.