Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de 2012

Feliz Natal!!!...

Domingo no mundo | 21

Ana Stoner https://www.facebook.com/profile.php?id=610447876

Contigo

Acordo na manhã de oiro entre o teu rosto e o mar. As mãos afagam a luz, prolongam o dia breve. Entre o teu rosto e o mar ninguém deseja ser neve. Ninguém deseja o veneno da noite despovoada. Acorda-me a tua voz, nupcial, branca, delgada. Eugénio de Andrade
desconheço autor(a) retirado de http://www.clfmag.com/

Bebida

{aos resistentes deste blogue} bebo onde existe sede. a mão arrefece com o peso da cabeça. este silêncio resgata palavras  para além dos factos magros e esguios. o meu sangue conhece o amor. leio Östen Sjöstrand lia Östen Sjöstrand há cinco minutos atrás. alguém me chamou e tudo ficou diferente. não digo que seja apenas este poema. não é, claramente, apenas este poema. bebo onde existe sede. Sylvia Beirute do blog   Uma casa em Beirute

não achas que chegou a hora?

não achas que chegou a hora? um dia ainda me dizes que já não há nada. mais nada no lado de fora do tempo. os anos, sabes? essa maré que nos salva e afoga, que ora nos traz, ora nos leva. o amor ou a dor. sempre o amor ou a dor… ou um lugar, ou a hipótese de um lugar. qualquer ponto no universo onde a estrada acabe. onde o tempo acabe. onde toda a memória possa pairar como um céu sobre o passado. sobre todos os passados. tu sabes. um dia ainda me dizes tudo isto outra vez. não achas que chegou a hora? os navios ainda erram na linha de azul que nos amarra à terra. a estas janelas, a este dom de olhar. à dádiva de ver para lá e para cá, os navios, o mar, estes pássaros que o sol arrasta. esta luz antiga em que crescemos. que nos escreveu na pele o costume de adormecer e despertar como se as horas chegassem de dentro e morressem ainda mais dentro e isso fosse a marca, a escritura solene que te torna dono do que sempre te pertenceu. gil t. sousa do blog exercícios de esquecimento
Yan Ya Ya

A pele que há em mim

Quando o dia entardeceu E o teu corpo tocou Num recanto do meu Uma dança acordou E o sol apareceu De gigante ficou Num instante apagou O sereno do céu E a calma a aguardar lugar em mim O desejo a contar segundo o fim. Foi num ar que te deu E o teu canto mudou E o teu corpo do meu Uma trança arrancou O sangue arrefeceu E o meu pé aterrou Minha voz sussurrou O meu sonho morreu Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada. Dá-me o quarto vazio da minha casa Vou deixar-te no fio da tua fala. Sobre a pele que há em mim Tu não sabes nada. Quando o amor se acabou E o meu corpo esqueceu o caminho onde andou Nos recantos do teu E o luar se apagou E a noite emudeceu O frio fundo do céu Foi descendo e ficou Mas a mágoa não mora mais em mim Já passou, desgastei, p’ra lá do fim É preciso partir É o preço do amor P’ra voltar a viver Já nem sinto o sabor A suor e pavor Do teu colo a ferver Do teu sangue de flor Já não quero saber… Dá-me o mar, o meu rio, a minha est

Primavera

Sábado à noite não sou tão só Somente só A sós contigo assim E sei dos teus erros Os meus e os teus Os teus e os meus amores que não conheci Parasse a vida Um passo atrás Quis-me capaz Dos erros renascer em ti E se inventado, o teu sorriso for Fui inventor Criei o paraíso assim Algo me diz que há mais amor aqui Lá fora só menti Eu já fui de cool por aí Somente só, só minto só Hei-de te amar, ou então hei-de chorar por ti Mesmo assim, quero ver-te sorrir... E se perder vou tentar esquecer-me de vez, conto até três Se quiser ser feliz... Se há tulipas No teu jardim Serei o chão e a água que da chuva cai Para te fazer crescer em flor, tão viva a cor Meu amor eu sou tudo aqui... Sábado à noite não sou tão só Somente só A sós contigo assim Não sou tão só, somente só The Gift

Não disse nada, amor

Não disse nada, amor, não disse nada: foi o rio que falou ...com a minha voz a dizer que era noite e é madrugada a dizer que eras tu e somos nós. A dizer os mil rostos e Lisboa ao longo do teu rosto se te beijo. À luz de um pombo chamo Madragoa e Bairro Alto ao mar se te desejo. Não disse nada, amor. Juro, calei-me: foi uma voz que ao longe se perdeu. Cuidei que era Lisboa e enganei-me pensei que éramos dois e sou só eu. António Lobo Antunes encontrei no blog Há vida em Marta

no cure for love..

[Daria Endresen]

Esta noite o vento ceifa os bosques

Esta noite o vento ceifa os bosques e uma raiva sacode a terra. se a voz do mar chamasse pelas velas, os estreitos aguardariam um naufrágio. E se dissesses o meu nome eu morreria de amor. Devo, por isso, afastar-me de ti ― não por ter medo de morrer (que é de já não o ter que tenho medo), mas porque a chuva que devora as esquinas é a única canção que se ouve esta noite sobre o teu silêncio. Maria do Rosário Pedreira
[Daria Endresen]

Brushing

Estranhava-lhe a forma de vestir e os olhos pintados de preto. Do espelho do cabeleireiro, que ficava no rés do chão do prédio da avó, espreitava-lhe o gestos lentos e os olhos indiferentes às conversas com cheiro a shampoo e amoníaco. Lavava cabeças. Menos quente, pedia-lhe, evitando tratá-la pelo nome próprio, Sílvia. Olha que ela gosta de mulheres, dizia-lhe a avó. Por isso, nunca a chamava pelo nome, que os nomes trazem excesso de intimidade. Põe creme? Só nas pontas, respondia enquanto pensava no incómodo que era ter a cabeça nas mãos de uma mulher que guardava uma fotografia de outra na bata preta. Pelo espelho observava-a, encostada ao carrinho dos rolos e das escovas, sorrindo para uma fotografia tipo passe, tirada numa estação de metro qualquer. Depois tirava da mala um queque de chocolate embrulhado num guardanapo de papel e ficava ali, com os olhos pintados de preto perdidos no chão cheio de cabelos. Ela, sentada na cadeira em frente ao espelho, com os cabelos a pingar na
[Daria Endresen]