O INSUSTENTÁVEL faz hoje 2 anos!
Parabéns e... escuta esta música ...

já não há rosas no voo das palavras,
só estranhezas, parques para a chuva, e há
na casa do ser sangue e suor, alguns resíduos
duma enredada, dura aprendizagem
entrelaçada nelas, devagar.
o remorso das coisas organiza-se
e é sinuosa a sua irrupção
no interior de nós mesmos. nós os hesitantes, os que
delas tanto quisemos ou deitámos
pra fora da lembrança a sua imagem veemente
e tanta paz incerta procurando-se
na mordedura de um silêncio triste.
tanto aprendi. deveria durar uma defesa
contra o interdito? ou a serenidade é tão difícil
que só a alcança o coração tumultuoso?
como se a noite fosse uma enseada sem serpentes
ou fosse às vezes pura tempestade,
eu quero ver aqui as marcas do destino, o seu
tropel diluído ou acerado, ver aqui
as marcas que vão contra a solidão.
quero a pedra do sol aqui iluminada, respirando
como a laranja numa lousa da fortuna,
ou recortada num chão de porcelana; quero os outros
bichos ondeando, os mais amados sons
quietamente livres, sem erro nem remorso nas pupilas.
na noite espreita o lince do esquecimento
e terás de evitar seus olhos brancos.
ah, escuta esta música, as suas éguas mansas,
para quando eu viver, para quando eu morrer,
escureceu mais cedo e tu precisas dela.
Parabéns e... escuta esta música ...

escuta esta música, esta
ténue quietação: vai até onde
descerem as raízes
do coração por humildade.
escureceu mais cedo e vais precisar dela.
ténue quietação: vai até onde
descerem as raízes
do coração por humildade.
escureceu mais cedo e vais precisar dela.
já não há rosas no voo das palavras,
só estranhezas, parques para a chuva, e há
na casa do ser sangue e suor, alguns resíduos
duma enredada, dura aprendizagem
entrelaçada nelas, devagar.
o remorso das coisas organiza-se
e é sinuosa a sua irrupção
no interior de nós mesmos. nós os hesitantes, os que
delas tanto quisemos ou deitámos
pra fora da lembrança a sua imagem veemente
e tanta paz incerta procurando-se
na mordedura de um silêncio triste.
tanto aprendi. deveria durar uma defesa
contra o interdito? ou a serenidade é tão difícil
que só a alcança o coração tumultuoso?
como se a noite fosse uma enseada sem serpentes
ou fosse às vezes pura tempestade,
eu quero ver aqui as marcas do destino, o seu
tropel diluído ou acerado, ver aqui
as marcas que vão contra a solidão.
quero a pedra do sol aqui iluminada, respirando
como a laranja numa lousa da fortuna,
ou recortada num chão de porcelana; quero os outros
bichos ondeando, os mais amados sons
quietamente livres, sem erro nem remorso nas pupilas.
na noite espreita o lince do esquecimento
e terás de evitar seus olhos brancos.
ah, escuta esta música, as suas éguas mansas,
para quando eu viver, para quando eu morrer,
escureceu mais cedo e tu precisas dela.
poema de Vasco Graça Moura
pintura "Music and Poetry" de Patricia Watwood
pintura "Music and Poetry" de Patricia Watwood
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