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A mostrar mensagens com a etiqueta Henrique Fialho

poemas com ruídos no interior | entre nós

entre nós no inverno as pessoas andam de ombros encolhidos gorjeiam suspiros que contrastam rostos inflamados de medo entre nós no inverno histriões acocorados nos desvãos das pensões hipotecam o corpo enquanto cospem a alma entre nós no inverno as sombras fulguram no gelo das luas imbuindo-se no escarro das criaturas abandonados numa enxerga de rosáceas pétalas conquistada com os punhos de um velho inimigo os fantasmas que entre nós no inverno reclamam brasas para o espírito suicidam-se ouvindo Bach e declamando Goethe Henrique Fialho

Green Grass of Tunnel

E colho um tufo de erva do teu corpo, como-o, deito-me nele, sinto-lhe a humidade que ficou da última noite, quando nos deitámos e rebolámos e cruzámos, com insectos a medirem-nos a respiração, prostro-me sob a sombra do teu peito, deixo cair dos olhos alguns flocos de neve. Andamos sempre à procura de uma noite que não tem dias, uma noite sem sinais, candeeiros que reflectem a agitação dos mosquitos à queima-roupa. Andamos como uma letra despovoada, nos silos da ternura, a encostar um sopro a outro sopro. Nada nos cura. Henrique Fialho Insónia

Shining

Quando dormes para o lado dos meus sonhos, das minhas angústias graníticas, e tocas como os sinos por dentro do meu corpo, trazendo-me à pele o suor do amor, quando espias os meus dedos debaixo dos lençóis, deixando as promessas prolongarem-se pelas carnes como o vento se prolonga pelas sementeiras, relembrados na fragrância de uma criança adormecida, a nosso lado, amarrando-nos o sono à resolução dos caminhos há muito traçados, os dedos. Quando dizes os teus olhos brilham no meu canto, ouço sem esmero nem glória a música do teu corpo. Henrique Fialho do blog Insónia