A manhã está fria e cinzenta de tão vazia,  ninguém me vê   no mar tão macio, tão pequeno ao meu redor e  tão cheio de mim,   espero as horas que chegam, e partem, e voltam  parecem-me mulheres perdidas, desamadas, loucas,  cheias de silêncio levando as marés,   não ficam, não vou   ninguém é meu, ou minha,  não há histórias, não há memórias, não há cheiros,  não há canções, não há paredes manchadas, nem roupas estragadas,  não há flores no jardim, não há passos junto à porta,  não houve início, não há fim,  não há cama para fazer, nem mesa,  nem janela para abrir, nem livro pra fechar,   há um vazio  que não é possível,   um desejo  que não cresce   há uma dor  que não mata    alma