«a sombria beleza do tema da estação e da morte», diz o Kundera algures. nesta imagem desenha-se um olival perdido de surdas tonalidades, atrás do cais de onde se despenhou alguém, alguma forma aflita e trágica, vinda do fundo súbito de uma paisagem tão modesta, sob as vozes de quem chega e quem parte, ou simplesmete foi ali para olhar outros seres de passagem, outros rasos destinos sem anjo para o remorso. há flores, dirás, algumas flores diurnas, confiantes, que outras mãos hão-de dispor na jarra, relembrada junto à parede branca, mas essas são um ténue sopro de acaso, ou um fulgor antecipando outra nudez. quando a luz já se tornou mais húmida e quase musical, e através da folhagem a harpa do desgaste estremeceu, e passaram as horas e passaram, pesadas, contadas, divididas, já não dói a beleza de alguém que vai partir, a sombria beleza da sua ocultação intransmissível, uma brisa leve misturar-se-á ao cheiro de óleo, aos acenos afectuosos, aos ruídos do tema da estação. é tudo. à noit...