O que o mar sim ensina ao canavial: o avançar em linha rasteira da onda; o espraiar-se minucioso, de líquido, alagando cova a cova onde se alonga. O que o canavial sim ensina ao mar: a elocução horizontal de seu verso; a geórgica de cordel, ininterrupta, narrada em voz e silêncio paralelos. O que o mar não ensina ao canavial: a veemência passional da preamar; a mão-de-pilão das ondas na areia, moída e miúda, pilada do que pilar. O que o canavial não ensina ao mar: o desmedido do derramar-se da cana; o comedimento do latifúndio do mar, que menos lastradamente se derrama. João Cabral de Melo Neto
Comentários
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primeiramente, mui grato pela visita e pelo poema deixado, do mestre Bandeira [favorito entre todos os brasileiros]. Lembrei imediatamente da bela Evocação ao Recife e de tantas outras palavras que nos inspiram.
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alegrou-me bastante saber que, mesmo depois de tanto tempo ausente, existem pessoas que lembram de nós com carinho. retribuo-lhe, portanto, a acolhida sincera que sempre me tributou por aqui. e dou vivas por ainda sabê-la na ativa em seus blogs.
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é...estive ausente sim, por quase três anos. muitos motivos a enumerar, entre eles problemas de saúde já contornados, graças a Deus. recolhi-me; silenciei-me. mas continuei levando no coração todos os bons amigos que aqui fiz.
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pretendo voltar um dia. os poemas continuam brotando, não com a mesma efervescência. mas sigo ainda no mister de fazê-los. e aos poucos vou retomando o espaço, se ânimo e inspiração permitirem.
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grato por tudo, amiga Ana.
boas férias.
um forte abraço do
Carlos
p.s.: o Hálito e o Vôo continuam belos como sempre. faz gosto!
Espero que volte logo.
Um abraço.