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És um pequeno animal de papel nas minhas mãos

Desenhas-me com as tuas palavras enquanto me olhas,
e ficas depois como um pequeno animal de papel nas minhas mãos

Escreves-me
e o som vibra dentro de mim

Cheiro-te,
procurando as impressões dos teus dedos, o relevo das tuas linhas,
e nesse caminho de sobressaltos olhamo-nos

há um instante puro e esmagador que nos transforma,

um labirinto que nos tenta,

uma palavra que nos esmaga.


alma

Comentários

Carol Timm disse…
Oi Ana,

Nunca tinha lido nada de Alma Kodiak... e já gosto imensamente desde que a li no teu blog.

Beijos,
Carol
Ana Isabel disse…
Olá Carol
Fico muito contente com o seu comentário. A Alma Kodiak tem muito de mim...é uma heterónima.
Beijo

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Princípios

Podíamos saber um pouco mais da morte. Mas não seria isso que nos faria ter vontade de morrer mais depressa. Podíamos saber um pouco mais da vida. Talvez não precisássemos de viver tanto, quando só o que é preciso é saber que temos de viver. Podíamos saber um pouco mais do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada sabemos do amor. Nuno Júdice

Uns cegos, outros surdos

gritas, gritam até que o outro ensurdeça,  até que fique com os pés presos na lama e se esgote. gritas, gritam palavras e frases de uma ordem estéril que nos matará. rasgam os pulmões com cânticos, alucinados,  com uma narrativa estúpida de quem nos crê estúpidos...e seremos? rangem os dentes,  soltam os caninos e farejam a hesitação com o dedo no gatilho, lambem-nos o medo na pele... abrem as gargantas de onde saem línguas como canos apontados ao nosso cérebro,  línguas sibilantes num hálito de enxofre, numa infindável oratória que nos queima a pele, nos rompe a mente. destroem o silêncio. gritam que somos vítimas,  as suas vítimas,  as legítimas,  enquanto desviam o olhar e fecham as órbitas embaciadas para que a realidade não os capture. gritam, gritam e gritam pois enquanto gritam não param,  não pensam, não deixam que ninguém pare, e ninguém pensa. embalam os corações nas bandeiras e nos hinos para conseguirem adormecer,  para que o sono...