gritas, gritam até que o outro ensurdeça, até que fique com os pés presos na lama e se esgote. gritas, gritam palavras e frases de uma ordem estéril que nos matará. rasgam os pulmões com cânticos, alucinados, com uma narrativa estúpida de quem nos crê estúpidos...e seremos? rangem os dentes, soltam os caninos e farejam a hesitação com o dedo no gatilho, lambem-nos o medo na pele... abrem as gargantas de onde saem línguas como canos apontados ao nosso cérebro, línguas sibilantes num hálito de enxofre, numa infindável oratória que nos queima a pele, nos rompe a mente. destroem o silêncio. gritam que somos vítimas, as suas vítimas, as legítimas, enquanto desviam o olhar e fecham as órbitas embaciadas para que a realidade não os capture. gritam, gritam e gritam pois enquanto gritam não param, não pensam, não deixam que ninguém pare, e ninguém pensa. embalam os corações nas bandeiras e nos hinos para conseguirem adormecer, para que o sono...
Comentários
emiliorobin.blogspot.com
Obrigada por mais este insight, ler contra o silêncio é o que mais preciso fazer, mesmo tendo feito muito isso, ultimamente...
Um abraço.
Grata por sua "preocupação estranha".
O mundo se tornou um lugar tão estranho por falta dela, porque nos acostumamos a viver sem nos importarmos muito com os outros... mas eu estou bem, não é nada grave, são só os altos e baixos da vida, quando a gente se dispõe a vivê-la. Espero que vc esteja bem e continue com seus blogs, que são lindos e fazem a gente querer seguir sempre em frente.
Um abraço.
Estou com saudades de vc.
Um abraço.