É este o dia anunciado, a hora da desesperança! Expulsos de um tempo julgado sem fim, onde os corpos se banharam indolentes e incautos, procuramos em vão, de novo, o caminho...sem um fio de luz, sem alento, sem consolo. Os teus olhos, os meus olhos, os nossos olhos quase cegos choram, tardiamente, a memória ardida, prostrados perante as etéreas cinzas que de nós se apartam. É esta a manhã negra do nosso desalento! Afastados da vida, num devir atormentado que nos lança as presas onde já não há carne, resta-nos cumprir a pena aceitando-a como um bálsamo. Os meus braços, os teus braços, os nossos abraços esmagados, ameaçados, extintos, são as estátuas de pedra que tomam agora o lugar das árvores caídas. São estas as criaturas inumadas em que nos transfigurámos! E assim, levianos, soterrados no sedimento do nosso desânimo, ora resignados, ora alarmados, seguimos...com a granada dentro do peito. [ alma ]
"(...) Caminho pelos lugares queridos, sem tristeza, nem mágoa, altas, condoídas árvores, lagos serenos escorrendo de meus olhos, hálito azul da tarde que, por cair, de sombras vai tranquilizando o horizonte. Só, meu coração, bate contra a pedra e o silêncio." Rui Knopfli.
Comentários
emiliorobin.blogspot.com
Obrigada por mais este insight, ler contra o silêncio é o que mais preciso fazer, mesmo tendo feito muito isso, ultimamente...
Um abraço.
Grata por sua "preocupação estranha".
O mundo se tornou um lugar tão estranho por falta dela, porque nos acostumamos a viver sem nos importarmos muito com os outros... mas eu estou bem, não é nada grave, são só os altos e baixos da vida, quando a gente se dispõe a vivê-la. Espero que vc esteja bem e continue com seus blogs, que são lindos e fazem a gente querer seguir sempre em frente.
Um abraço.
Estou com saudades de vc.
Um abraço.