gritas, gritam até que o outro ensurdeça, até que fique com os pés presos na lama e se esgote. gritas, gritam palavras e frases de uma ordem estéril que nos matará. rasgam os pulmões com cânticos, alucinados, com uma narrativa estúpida de quem nos crê estúpidos...e seremos? rangem os dentes, soltam os caninos e farejam a hesitação com o dedo no gatilho, lambem-nos o medo na pele... abrem as gargantas de onde saem línguas como canos apontados ao nosso cérebro, línguas sibilantes num hálito de enxofre, numa infindável oratória que nos queima a pele, nos rompe a mente. destroem o silêncio. gritam que somos vítimas, as suas vítimas, as legítimas, enquanto desviam o olhar e fecham as órbitas embaciadas para que a realidade não os capture. gritam, gritam e gritam pois enquanto gritam não param, não pensam, não deixam que ninguém pare, e ninguém pensa. embalam os corações nas bandeiras e nos hinos para conseguirem adormecer, para que o sono...
Comentários
O Hálito continua especial como sempre. Um sopro de vida, um alento para a alma. Adorei sobretudo os postais antigos, se bem que é quase impossível dizer o que é mais bonito aqui. Tudo é tão lindo...
Um abraço.
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Voltar ao Hálito, como já disse em inúmeras oportunidades, é avivar com fogo acolhedor os nossos ideais sobre Beleza, Cultura e Arte. É respirar, acima de tudo, com refinamento.
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As imagens escolhidas são maravilhosas, sobretudo os postais natalinos antigos [deu-me uma saudade dos velhos almanaques]. No mais, deito olhos sobre a poesia inteligente de Gil T. Sousa, cujos versos tanto inspiram quanto enternecem.
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Portanto, a você, que nos brinda com tanta coisa boa, o meu abraço.
Carlos