O livro aberto pousado nas suas mãos. Na macieza dos lábios as palavras mastigadas em silêncio e na dobra das pálpebras pequenos fragmentos de texto que não couberam naquelas páginas. A serena curva temporal do rosto acumula todos os pequenos assombros emocionais que cada parágrafo percorrido lhe desperta. O belíssimo rosto do ser amado a ler ilumina-se entretanto por um raio de sol que abre caminho por entre nuvens, braços, ombros e sacos. Olho a sua face iluminada. Iluminada pelo singelo e extraordinário raio de sol que ali escolheu terminar a sua viagem cósmica. Ali, no seu rosto, entre tantos outros na carruagem do comboio numa manhã de fevereiro. Ninguém atenta na singularidade deste instante. A luz que há minutos partiu de uma estrela viaja agora connosco no comboio. Ilumina-te. E na dobra do tempo, como antes na dobra das tuas pálpebras, somos atingidos pela poeira desta centelha. Somos perfeitos. Estamos numa única dimensão. Estamos em todo o lado. [ alma ]
Comentários
O Hálito continua especial como sempre. Um sopro de vida, um alento para a alma. Adorei sobretudo os postais antigos, se bem que é quase impossível dizer o que é mais bonito aqui. Tudo é tão lindo...
Um abraço.
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Voltar ao Hálito, como já disse em inúmeras oportunidades, é avivar com fogo acolhedor os nossos ideais sobre Beleza, Cultura e Arte. É respirar, acima de tudo, com refinamento.
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As imagens escolhidas são maravilhosas, sobretudo os postais natalinos antigos [deu-me uma saudade dos velhos almanaques]. No mais, deito olhos sobre a poesia inteligente de Gil T. Sousa, cujos versos tanto inspiram quanto enternecem.
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Portanto, a você, que nos brinda com tanta coisa boa, o meu abraço.
Carlos