O que o mar sim ensina ao canavial: o avançar em linha rasteira da onda; o espraiar-se minucioso, de líquido, alagando cova a cova onde se alonga. O que o canavial sim ensina ao mar: a elocução horizontal de seu verso; a geórgica de cordel, ininterrupta, narrada em voz e silêncio paralelos. O que o mar não ensina ao canavial: a veemência passional da preamar; a mão-de-pilão das ondas na areia, moída e miúda, pilada do que pilar. O que o canavial não ensina ao mar: o desmedido do derramar-se da cana; o comedimento do latifúndio do mar, que menos lastradamente se derrama. João Cabral de Melo Neto
Comentários
O Hálito continua especial como sempre. Um sopro de vida, um alento para a alma. Adorei sobretudo os postais antigos, se bem que é quase impossível dizer o que é mais bonito aqui. Tudo é tão lindo...
Um abraço.
.
Voltar ao Hálito, como já disse em inúmeras oportunidades, é avivar com fogo acolhedor os nossos ideais sobre Beleza, Cultura e Arte. É respirar, acima de tudo, com refinamento.
.
As imagens escolhidas são maravilhosas, sobretudo os postais natalinos antigos [deu-me uma saudade dos velhos almanaques]. No mais, deito olhos sobre a poesia inteligente de Gil T. Sousa, cujos versos tanto inspiram quanto enternecem.
.
Portanto, a você, que nos brinda com tanta coisa boa, o meu abraço.
Carlos