É este o dia anunciado, a hora da desesperança! Expulsos de um tempo julgado sem fim, onde os corpos se banharam indolentes e incautos, procuramos em vão, de novo, o caminho...sem um fio de luz, sem alento, sem consolo. Os teus olhos, os meus olhos, os nossos olhos quase cegos choram, tardiamente, a memória ardida, prostrados perante as etéreas cinzas que de nós se apartam. É esta a manhã negra do nosso desalento! Afastados da vida, num devir atormentado que nos lança as presas onde já não há carne, resta-nos cumprir a pena aceitando-a como um bálsamo. Os meus braços, os teus braços, os nossos abraços esmagados, ameaçados, extintos, são as estátuas de pedra que tomam agora o lugar das árvores caídas. São estas as criaturas inumadas em que nos transfigurámos! E assim, levianos, soterrados no sedimento do nosso desânimo, ora resignados, ora alarmados, seguimos...com a granada dentro do peito. [ alma ]
"(...) Caminho pelos lugares queridos, sem tristeza, nem mágoa, altas, condoídas árvores, lagos serenos escorrendo de meus olhos, hálito azul da tarde que, por cair, de sombras vai tranquilizando o horizonte. Só, meu coração, bate contra a pedra e o silêncio." Rui Knopfli.
Comentários
Surpreendido que estou pelos novos poemas traduzidos [e que descoberta prazerosa esta, com todo o fougère oriental desse poeta que eu não conhecia e que já acho magnífico, mais ainda porque a tradução para o português o aveluda].
Digo-lhe também da minha inteira satisfação em recebê-la no Almofariz, e do quanto me sinto lisongeado com suas palavras, em relação aos meus escritos.
Hoje andei falando a uma amiga e poetisa acerca do Hálito e do Vôo, e do quanto considero de qualidade o seu trabalho nestes dois espaços.
Aguarde, pois, visitas.
E receba o abraço do amigo.
Carlos