O que o mar sim ensina ao canavial: o avançar em linha rasteira da onda; o espraiar-se minucioso, de líquido, alagando cova a cova onde se alonga. O que o canavial sim ensina ao mar: a elocução horizontal de seu verso; a geórgica de cordel, ininterrupta, narrada em voz e silêncio paralelos. O que o mar não ensina ao canavial: a veemência passional da preamar; a mão-de-pilão das ondas na areia, moída e miúda, pilada do que pilar. O que o canavial não ensina ao mar: o desmedido do derramar-se da cana; o comedimento do latifúndio do mar, que menos lastradamente se derrama. João Cabral de Melo Neto
Comentários
Acredito válidos os cumprimentos que lhe endereço - ainda que um pouco tardios - pela passagem de um ano de vida neste espaço.
Imagino quantos bons momentos deve ter vivenciado aqui. Auguro-lhe muitos ainda por vir :]
A propósito...lindíssimo o poema de Rui Knopfli.
Abraços do
Carlos
Grata pelas suas palavras, muito amáveis, sempre.
Espero continuar a contar com a sua companhia.
Abraço