Avançar para o conteúdo principal

sorriem, e beijam-se

Ele olha para ela de uma forma indescritível, nos seus olhos há algo mais que ternura ou carinho, há um calor…ela olha-se ao espelho na janela do comboio e ajeita, meticulosamente, cada cabelo da sua franja…ele diz-lhe que está linda…ela esquece a franja, sorri e beija-o…a carruagem baloiça um bocadinho…ele segura-a…a rapariga tira o batom para o cieiro e coloca nos lábios…ele olha-a, e segura-a…e sorriem, e beijam-se!


Foi mais ou menos assim o que observei um destes dias, no comboio das 8h16 da linha de cascais…

Comentários

Mensagens populares deste blogue

XTERIORS XVII

  Desirée Dolron

O Canavial e o Mar

O que o mar sim ensina ao canavial: o avançar em linha rasteira da onda; o espraiar-se minucioso, de líquido, alagando cova a cova onde se alonga. O que o canavial sim ensina ao mar: a elocução horizontal de seu verso; a geórgica de cordel, ininterrupta, narrada em voz e silêncio paralelos. O que o mar não ensina ao canavial: a veemência passional da preamar; a mão-de-pilão das ondas na areia, moída e miúda, pilada do que pilar. O que o canavial não ensina ao mar: o desmedido do derramar-se da cana; o comedimento do latifúndio do mar, que menos lastradamente se derrama. João Cabral de Melo Neto

Princípios

Podíamos saber um pouco mais da morte. Mas não seria isso que nos faria ter vontade de morrer mais depressa. Podíamos saber um pouco mais da vida. Talvez não precisássemos de viver tanto, quando só o que é preciso é saber que temos de viver. Podíamos saber um pouco mais do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada sabemos do amor. Nuno Júdice