Avançar para o conteúdo principal

Tenho-te comigo como uma erva selvagem

Tenho comigo o frio gelado e silencioso da noite.

Há uma ténue linha de terra, quase praia, junto ao mar
que filtra um pouco do cinzento denso do nevoeiro,
e a tua sombra no alpendre, à minha porta, fica agora
mais clara e visível,
mais perto da dor intensa, do amor refeito e da despedida.
Esta partida que é tua, tão ausente,
tão perto da espera que aguarda o passar dos meses,
o fim do Inverno.

Mas tenho-te comigo como uma erva selvagem e forte,
como algo que resiste.


alma

Comentários

livia soares disse…
Olá, querida.
Que bom que voltaste a postar.
Fazes-me muita falta.
Um abraço.

Mensagens populares deste blogue

XTERIORS XVII

  Desirée Dolron

Princípios

Podíamos saber um pouco mais da morte. Mas não seria isso que nos faria ter vontade de morrer mais depressa. Podíamos saber um pouco mais da vida. Talvez não precisássemos de viver tanto, quando só o que é preciso é saber que temos de viver. Podíamos saber um pouco mais do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada sabemos do amor. Nuno Júdice

Uns cegos, outros surdos

gritas, gritam até que o outro ensurdeça,  até que fique com os pés presos na lama e se esgote. gritas, gritam palavras e frases de uma ordem estéril que nos matará. rasgam os pulmões com cânticos, alucinados,  com uma narrativa estúpida de quem nos crê estúpidos...e seremos? rangem os dentes,  soltam os caninos e farejam a hesitação com o dedo no gatilho, lambem-nos o medo na pele... abrem as gargantas de onde saem línguas como canos apontados ao nosso cérebro,  línguas sibilantes num hálito de enxofre, numa infindável oratória que nos queima a pele, nos rompe a mente. destroem o silêncio. gritam que somos vítimas,  as suas vítimas,  as legítimas,  enquanto desviam o olhar e fecham as órbitas embaciadas para que a realidade não os capture. gritam, gritam e gritam pois enquanto gritam não param,  não pensam, não deixam que ninguém pare, e ninguém pensa. embalam os corações nas bandeiras e nos hinos para conseguirem adormecer,  para que o sono...