Recorda-me quando eu te abandonar Quando me for sob a terra silente; Quando achares a minha mão ausente, E eu, querendo partir, já não ficar. Quando já não me puderes contar Planos dum futuro que nos não cabe, Recorda-me somente; tu bem sabes Que então será tarde para rezar. Mas se me esqueceres entrementes E depois recordares, não lamentes: Pois se a corrupção te assombrar os dias Com ideias que eu tinha na cabeça, Melhor será que me esqueças e sorrias Do que minha memória te entristeça. Tradução de Margarida Vale de Gato Recorda-te de mim quando eu embora For para o chão silente e desolado; Quando eu não te tiver mais ao meu lado E sombra vã chorar por quem me chora. Quando mais não puderes, hora a hora, Falar-me no futuro que hás sonhado, Ah de mim te recorda e do passado, Delícia do presente por agora. No entanto, se algum dia me olvidares E depois te lembrares novamente, Não chores: que se em meio aos meus pesares Um resto houver do afecto que em mim viste, - Melhor é me esquecere...