Avançar para o conteúdo principal

canto contra este silêncio

canto contra este silêncio
que é da minha solidão
e o meu canto à noite vence-o
no bater do coração
canto contra este silêncio

e a cantar ando na lua
percorro a terra em segundos,
junto a minha boca à tua,
conheço mundos e mundos,
e a cantar ando na lua

se me calo, volta a treva
e essa tristeza tamanha
de quem tão alto se eleva
e tão baixo se despenha,
se me calo, volta a treva

melodias leva o sonho
como o vento pela barra
quando adormeço e me ponho
a sonhar junto à guitarra
melodias traz o sonho

canto contra este silêncio
que é da minha solidão
e o meu canto à noite vence-o
no bater do coração
canto contra este silêncio



Vasco Graça Moura

Comentários

livia soares disse…
Olá,Ana.
Estou saindo agora de um longo silêncio. É um grande prazer encontrá-la aqui, cada vez mais pródiga em belezas.
Um abraço.

Mensagens populares deste blogue

XTERIORS XVII

  Desirée Dolron

O Canavial e o Mar

O que o mar sim ensina ao canavial: o avançar em linha rasteira da onda; o espraiar-se minucioso, de líquido, alagando cova a cova onde se alonga. O que o canavial sim ensina ao mar: a elocução horizontal de seu verso; a geórgica de cordel, ininterrupta, narrada em voz e silêncio paralelos. O que o mar não ensina ao canavial: a veemência passional da preamar; a mão-de-pilão das ondas na areia, moída e miúda, pilada do que pilar. O que o canavial não ensina ao mar: o desmedido do derramar-se da cana; o comedimento do latifúndio do mar, que menos lastradamente se derrama. João Cabral de Melo Neto

Princípios

Podíamos saber um pouco mais da morte. Mas não seria isso que nos faria ter vontade de morrer mais depressa. Podíamos saber um pouco mais da vida. Talvez não precisássemos de viver tanto, quando só o que é preciso é saber que temos de viver. Podíamos saber um pouco mais do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada sabemos do amor. Nuno Júdice