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canto contra este silêncio

canto contra este silêncio
que é da minha solidão
e o meu canto à noite vence-o
no bater do coração
canto contra este silêncio

e a cantar ando na lua
percorro a terra em segundos,
junto a minha boca à tua,
conheço mundos e mundos,
e a cantar ando na lua

se me calo, volta a treva
e essa tristeza tamanha
de quem tão alto se eleva
e tão baixo se despenha,
se me calo, volta a treva

melodias leva o sonho
como o vento pela barra
quando adormeço e me ponho
a sonhar junto à guitarra
melodias traz o sonho

canto contra este silêncio
que é da minha solidão
e o meu canto à noite vence-o
no bater do coração
canto contra este silêncio



Vasco Graça Moura

Comentários

livia soares disse…
Olá,Ana.
Estou saindo agora de um longo silêncio. É um grande prazer encontrá-la aqui, cada vez mais pródiga em belezas.
Um abraço.

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Uns cegos, outros surdos

gritas, gritam até que o outro ensurdeça,  até que fique com os pés presos na lama e se esgote. gritas, gritam palavras e frases de uma ordem estéril que nos matará. rasgam os pulmões com cânticos, alucinados,  com uma narrativa estúpida de quem nos crê estúpidos...e seremos? rangem os dentes,  soltam os caninos e farejam a hesitação com o dedo no gatilho, lambem-nos o medo na pele... abrem as gargantas de onde saem línguas como canos apontados ao nosso cérebro,  línguas sibilantes num hálito de enxofre, numa infindável oratória que nos queima a pele, nos rompe a mente. destroem o silêncio. gritam que somos vítimas,  as suas vítimas,  as legítimas,  enquanto desviam o olhar e fecham as órbitas embaciadas para que a realidade não os capture. gritam, gritam e gritam pois enquanto gritam não param,  não pensam, não deixam que ninguém pare, e ninguém pensa. embalam os corações nas bandeiras e nos hinos para conseguirem adormecer,  para que o sono...