Avançar para o conteúdo principal

canto contra este silêncio

canto contra este silêncio
que é da minha solidão
e o meu canto à noite vence-o
no bater do coração
canto contra este silêncio

e a cantar ando na lua
percorro a terra em segundos,
junto a minha boca à tua,
conheço mundos e mundos,
e a cantar ando na lua

se me calo, volta a treva
e essa tristeza tamanha
de quem tão alto se eleva
e tão baixo se despenha,
se me calo, volta a treva

melodias leva o sonho
como o vento pela barra
quando adormeço e me ponho
a sonhar junto à guitarra
melodias traz o sonho

canto contra este silêncio
que é da minha solidão
e o meu canto à noite vence-o
no bater do coração
canto contra este silêncio



Vasco Graça Moura

Comentários

livia soares disse…
Olá,Ana.
Estou saindo agora de um longo silêncio. É um grande prazer encontrá-la aqui, cada vez mais pródiga em belezas.
Um abraço.

Mensagens populares deste blogue

A essência dos dias.2

O livro aberto pousado nas suas mãos. Na macieza dos lábios as palavras mastigadas em silêncio e na dobra das pálpebras pequenos fragmentos de texto que não couberam naquelas páginas. A serena curva temporal do rosto acumula todos os pequenos assombros emocionais que cada parágrafo percorrido lhe desperta. O belíssimo rosto do ser amado a ler ilumina-se entretanto por um raio de sol que abre caminho por entre nuvens, braços, ombros e sacos. Olho a sua face iluminada. Iluminada pelo singelo e extraordinário raio de sol que ali escolheu terminar a sua viagem cósmica. Ali, no seu rosto, entre tantos outros na carruagem do comboio numa manhã de fevereiro. Ninguém atenta na singularidade deste instante. A luz que há minutos partiu de uma estrela viaja agora connosco no comboio. Ilumina-te. E na dobra do tempo, como antes na dobra das tuas pálpebras, somos atingidos pela poeira desta centelha. Somos perfeitos. Estamos numa única dimensão. Estamos em todo o lado. [ alma ]

XTERIORS XVII

  Desirée Dolron

Princípios

Podíamos saber um pouco mais da morte. Mas não seria isso que nos faria ter vontade de morrer mais depressa. Podíamos saber um pouco mais da vida. Talvez não precisássemos de viver tanto, quando só o que é preciso é saber que temos de viver. Podíamos saber um pouco mais do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada sabemos do amor. Nuno Júdice