O que o mar sim ensina ao canavial: o avançar em linha rasteira da onda; o espraiar-se minucioso, de líquido, alagando cova a cova onde se alonga. O que o canavial sim ensina ao mar: a elocução horizontal de seu verso; a geórgica de cordel, ininterrupta, narrada em voz e silêncio paralelos. O que o mar não ensina ao canavial: a veemência passional da preamar; a mão-de-pilão das ondas na areia, moída e miúda, pilada do que pilar. O que o canavial não ensina ao mar: o desmedido do derramar-se da cana; o comedimento do latifúndio do mar, que menos lastradamente se derrama. João Cabral de Melo Neto
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Enfim, eis-me de volta ao Hálito.
Como sempre, chego e me encanto com suas postagens, as imagens escolhidas, tudo fruto do seu evidente bom gosto.
Gostaria de destacar os consecutivos estudos sobre a obra de Hopper, que muito me agradaram, além do texto de autoria de Henrique Fialho, de coerência e intelectualidade evidentes.
Considero sempre um prazer o fato de aqui estar.
Abraços do
Carlos