Ainda imperialmente macho nesta altura
eis-me a deixar-te com o sofrimento:
na colónia o processo de ruptura,
o ariete, o romper do dique por dentro.
O acto gerou uma quinta coluna
obstinada crescendo unilateral,
de coração tambor de guerra que reuna
as forças sob o teu. Seus punhos, afinal,
pequenos, néscios, parasitas, já
te batem nas fronteiras e sei-os retesados
através da água contra mim. Nenhum tratado dá,
prevejo, inteira cura ao teu corpo marcado
e assim lasso de estrias, dor grande que te fez
em carne viva, como chão aberto, uma outra vez.
Seamus Heaney
traduzido por Vasco Graça Moura
eis-me a deixar-te com o sofrimento:
na colónia o processo de ruptura,
o ariete, o romper do dique por dentro.
O acto gerou uma quinta coluna
obstinada crescendo unilateral,
de coração tambor de guerra que reuna
as forças sob o teu. Seus punhos, afinal,
pequenos, néscios, parasitas, já
te batem nas fronteiras e sei-os retesados
através da água contra mim. Nenhum tratado dá,
prevejo, inteira cura ao teu corpo marcado
e assim lasso de estrias, dor grande que te fez
em carne viva, como chão aberto, uma outra vez.
Seamus Heaney
traduzido por Vasco Graça Moura
Comentários
Achei verdadeiramente linda a seleta poética do irlandês Seamus Heaney, também pela tradução de autoria do Vasco Graça Moura para o nosso vernáculo português, idioma de tão bela expressão.
Parece-me que aqui a gente aplaca um pouco a ânsia por coisas belas e sensíveis, como este poema, o texto de Lawrence e a Arte de Lord Leighton.
Abraços.
Carlos