Avançar para o conteúdo principal

Amor em solidão

Estrela que morreu
Ainda palpita em vão
A tua luz sou eu
Amando em solidão
Noturno mar sem Deus
Tu és na escuridão
Igual aos cantos meus
Uma desolação
Ah, se eu pudesse dizer-te
Que pela graça de ver-te
Já nem me importa ter que fingir
E a cada ruga que nasce
Tento esconder minha face
Na máscara que te faz sorrir
Porque este amor demais
Que nunca vai ter fim
Na morte que me traz
É a vida para mim.

Vinícius de Moraes

Comentários

Mensagens populares deste blogue

XTERIORS XVII

  Desirée Dolron

O Canavial e o Mar

O que o mar sim ensina ao canavial: o avançar em linha rasteira da onda; o espraiar-se minucioso, de líquido, alagando cova a cova onde se alonga. O que o canavial sim ensina ao mar: a elocução horizontal de seu verso; a geórgica de cordel, ininterrupta, narrada em voz e silêncio paralelos. O que o mar não ensina ao canavial: a veemência passional da preamar; a mão-de-pilão das ondas na areia, moída e miúda, pilada do que pilar. O que o canavial não ensina ao mar: o desmedido do derramar-se da cana; o comedimento do latifúndio do mar, que menos lastradamente se derrama. João Cabral de Melo Neto

Princípios

Podíamos saber um pouco mais da morte. Mas não seria isso que nos faria ter vontade de morrer mais depressa. Podíamos saber um pouco mais da vida. Talvez não precisássemos de viver tanto, quando só o que é preciso é saber que temos de viver. Podíamos saber um pouco mais do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada sabemos do amor. Nuno Júdice