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É este o dia anunciado, a hora da desesperança!

É este o dia anunciado, a hora da desesperança!

Expulsos de um tempo julgado sem fim,
onde os corpos se banharam indolentes e incautos,
procuramos em vão, de novo, o caminho...sem um fio de luz, sem alento, sem consolo.

Os teus olhos, os meus olhos, os nossos olhos quase cegos
choram, tardiamente, a memória ardida,
prostrados perante as etéreas cinzas que de nós se apartam.

É esta a manhã negra do nosso desalento!

Afastados da vida, num devir atormentado
que nos lança as presas onde já não há carne, 
resta-nos cumprir a pena aceitando-a como um bálsamo.

Os meus braços, os teus braços, os nossos abraços
esmagados, ameaçados, extintos,
são as estátuas de pedra que tomam agora o lugar das árvores caídas.

São estas as criaturas inumadas em que nos transfigurámos!

E assim, levianos, soterrados no sedimento do nosso desânimo,
ora resignados, ora alarmados,
seguimos...com a granada dentro do peito.

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Quando aprendemos a ouvir as árvores

"(...) quando aprendemos a ouvir as árvores, a brevidade e a rapidez e a pressa infantil dos nossos pensamentos alcançam uma alegria incomparável. Quem aprendeu a escutar as árvores já não quer ser uma árvore. Ele não quer ser nada, exceto o que ele é. Isso é estar em casa. Isso é a felicidade.” Herman Hesse pintura de David Hockney